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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

NÃO EXISTE PREÇO PARA UMA CAUSA


    No livro  "Luiz, o Santo Ateu" de Heloneide Studart tenha uma peça que retrata muito bem a personalidade de homem, seus ideais, seu caráter e seu amor por uma causa, ao ler essa peça fiquei imaginando como as nossas vidas seriam diferente se a personalidade, o caráter não valessem um simples contra-cheque.Vou relatar a peça para que sirva de reflexão:  
    Na mesa de madeira de lei, uma Bíblia, um candelabro, com duas velas, um prato com frutas, atras da mesa, o juiz vestindo a caráter, diante dele,Tiradentes de camisolão e mãos amarradas.

JUIZ: Sabe para que chamei aqui?
TIRADENTES: Não tenho ideia.
JUIZ: Para salva-lo.
TIRADENTES: Só Deus pode me salvar. Ele não quer.
JUIZ: Não quer?
TIRADENTES: Deus nunca salva os homens como eu, os que anunciam a esperança. Não viu o que aconteceu com o filho dele?
JUIZ: Esta blasfemando.
TIRADENTES: Não quero blasfemar.Sou crente.O que eu não sou é submisso.
JUIZ: Olhe,sou um funcionário da coroa.Estou me arriscando ao trazê-lo aqui,na minha casa,na calada da noite.
TIRADENTES: E por que faz isso?
JUIZ: Porque você tem razão.
TIRADENTES: Eu?
JUIZ: Você e todos os inconfidentes.
TIRADENTES: Quem lhe disse isso?
JUIZ: Ninguém, Eu disse á mim mesmo, Estou convencido, Quem me convenceu? Eu,eu, com a minha consciência.
TIRADENTES: Então. também corre riscos.
JUIZ: Não, alferes, não, meu pobre louco, não corro riscos, porque nunca direi a não ser o que eu diga. Eu continuarei jurando que a coroa está certa, merece toda a nossa fidelidade, E que é preciso manter submetida a colonia e principalmente seu ouro.
TIRADENTES: Mas isso é pecado, é um crime contra a verdade!
JUIZ: A vida e bela e é disso que eu quero convencer você.
TIRADENTES: Qualquer vida? 
 JUIZ: Qualquer vida. Olhe essa maçã(pega uma fruta). Ela não lhe inspira nada?
TIRADENTES: É pequena e feia. Mas mostra que que Minas também pode produzir maçãs, assim como produz os diamantes que a coroa de Portugal nos roubas!
JUIZ: Não é isso que eu quero mostrar. Veja a maçã, guarda a aurora no seu interior. O cheiro da madrugada e o gosto da vida. Há mulheres que têm pele de acetinada.
TIRADENTES: Eu sei.
JUIZ: E mesmo assim não quer continuar vivo?
TIRADENTES: Eu também  amo a vida.
JUIZ: Então siga o meu conselho. Amanhã durante a sessão do tribunal, negue tudo, desdiga o que já disse, faça como seus companheiros, caia de joelhos.
TIRADENTES: Não posso.
JUIZ: Não pode?
TIRADENTES: Os homens quando caem de joelhos, não se levantam mais.
JUIZ: Isso são palavras, são loucuras! E fácil negar tudo e pedir clemencia.
TIRADENTES: Mas eu acredito na liberdade, eu acredito na independência.
JUIZ: Alferes, eu também acredito, meus sonhos me disseram que tudo isso é justo, e nem por isso vou confirmar essa loucura, é preciso ser realista, alferes, é preciso viver! É isso que eu lhe peço: vida!
TIRADENTES: A qualquer preço?
JUIZ: Você não tem imaginação! Não sabe o que um homem condenado á morte pode sofrer.
TIRADENTES: Arranco os dentes das pessoas, juiz, o homem pode sofrer muito mais do quer gozar. por que isso? Nunca entendi essa má distribuição.
JUIZ: Um homem pode sofrer infinitivamente, está preparado para a dor.
TIRADENTES: Ninguém  está.
JUIZ: Alferes, ainda há tempo! Eu lhe peço? 
TIRADENTES: Não se aflija.
JUIZ: Por que me condena a condená-lo?
TIRADENTES: Eu!
JUIZ: Não é só da sua vida que você dispõe, é também da minha!
TIRADENTES: Dá sua vida?
JUIZ: Com seu comportamento, eu também vou para a tortura, você estará morto, com o corpo esquartejado pelos becos de Vila Rica e eu ficarei sabendo que condenei um homem que tinha razão.
TIRADENTES: Peço uma bacia e laves as mãos.
JUIZ: Pare com isso! Salve-se alferes. São poucas palavras. Ninguém se lembrara delas amanhã. Renuncie ás suas idéias, peça perdão á Coroa.           
TIRADENTES: Mas eu quero afirmar que acredito na liberdade.
JUIZ: Amarraram seus braços, pendurarão um baraço no seu pescoço será levado pelas ruas da cidade como opróbio. 
TIRADENTES: Não estou enfraquecido. Minhas pernas não tremerão 
JUIZ: Alferes vão salgar sua casa e cobrir de desonra sua família!
TIRADENTES: Eles não tem poder de desonra ninguém. 
JUIZ: Alferes renegue tudo! Ainda é tempo. O episódio encolherá, será reduzido ás suas devidas proporções. tudo logo será esquecido.
TIRADENTES: Não quero esquecer minhas idéias, juiz.
JUIZ: Então você resiste e escolhe a morte.
TIRADENTES: Eu resisto não por coragem, juiz. Eu resisto, por amor.

É com esse proposito, que o blog do professor Leo entra no ar.

1 comentários:

Leomil disse...

PARABÉNS! TÁ MUITO BEM COLOCADO O QUE FOI ESCRITO INICIALMENTE EM SEU BLOG. SEMPRE FUI UMA GRANDE ADMIRADORA DA SUA SOBRIEDADE,SOLIDARIEDADE E ACIMA DE TUDO DA SUA INLECTUALIDADE POLÍTICA,SÓ Ñ ENTENDO O PQ DE VC Ñ SE LANÇAR CANDIDADO!GARANTO-LHES QUE EU SERIA SEU PRIMEIRO VOTO.
SUERDA

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